21.3.09

DÚ CARDIM


Interlagos antigo lembra acampamentos, fosse fórmula 1 ou 24 horas de moto.
E tudo começava na estradinha de terra margeando o rio, olhar se a PM montada estava dando espadada, e entrar pelo buraco do muro da curva 3.
Qdo. fechavam, sempre aparecia outro.
Era batata, qdo. íamos de ônibus o pulo era ali na junção, e de motinho via 3, creio que na infância e juventude, poucas vezes entrei pelo portão 7.
Hoje conversando com Joaquim, Romeu, Ceréga, Regi e muitos outros, brinco que fomos nos encontrar 40 anos depois.
A paixão de todos era percorrer a pé a pista, indo parar nos boxes e ficar babando nos carros, ficar perto dos pilotos, rato de boxe, pentelhando mesmo.
Nos tempos do Eloi Gogliano, nas provas de moto “achávamos legal o velhinho”, que no fim do dia nos deixava dar 2 voltas na pista, todos com 13, 14 anos, mas de capacete, tipo o cara que liga e desliga o carrossel de um parquinho.
Às vezes eram 3 ou 4, pois ele ficava controlando sentado ali no podium, com pilhas de papéis e fazendo anotações. Quando acabava, descia e fazia sinal para entrarmos nos boxes.
Hoje leio as anotações que o Eloi fazia, relatando tudo que acontecia nas provas, mal imaginava que o Velhinho legal, era o primeiro a chegar e o ultimo a sair de Interlagos, um dos responsáveis pelas grandes provas como as Mil Milhas.
Assistir pegas de moto entre Jacaré e Adú, ver o Denisio Casarini cair na reta de chegada e cruzar a linha, ver e ouvir Luizinho com a 908, Chiquinho com o Supe Vê, ficar no box da Gledson pois um amigo corria na Vê, e o Piquet na Super, as provas de opalas com as pancas como a do Reinaldo Campello na saída da ferradura.
Após a reforma de Interlagos, aquela pista mágica, ficou plástica, brochante, sem graça.
Depois da F1 de 97, fui creio 5 vezes ao Templo, e sempre saia com aquele ar de que não significava mais nada.
Desde 2007, a coisa tem mudado, amizades nasceram, pilotos que eram intocáveis para nós hoje são nossos amigos.
Tenho o maior orgulho deles, e deste trabalho da revitalização de Interlagos.
Para muitos, é uma utopia, eu mesmo nos anos que não freqüentei, comentava que “aquilo tinha de virar área residencial”, e a Prefeitura que construísse outro.
Escutar Lameirão e Bird conversando da formação de pilotos, ouvir Luizinho contar que quando chegaram na Europa às pistas eram fáceis, ter gravado em minha memória a narração do Barão de quando o Pace bateu o Record de Nurbubring com uma Surtees, é reverenciar a determinação em se realizar alterações na Pista.
A relação investimento financeiro, retorno de mídia mundial, já pagaria os custos, pois não existe mais no mundo, uma pista aos moldes antigos, afora Le mans, Spa e mais 2 ou 3.
E ela está aqui, debaixo de nosso nariz, quieta para que uma ação destas a desperte e crie alternativas de traçado.
Interlagos hj. é uma pista de autorama gigante, se faz o setup do carro e pronto, nem precisa treinar.
E o projeto de revitalização não é só asfalto, pode-se criar área de shows, diversão à população, o Sesc Interlagos, ali perto, enquanto as arquibancadas do Autódromo estão vazias, 20 mil pessoas assistem shows.
Mas daí alguém falou já do campo de futebol, do terrão, do Esporte para a comunidade, mas nos dias de corrida serve para disfarçar, enquanto os caras arrombam carros estacionados.
Alguém pode falar em segurança exigida hoje pela FIA, mas o circuito de Fórmula 1 ficará lá, do mesmo jeito, e a FIA aprova provas em Mônaco e Macau.
Parabéns Chiquinho, e todos envolvidos, depois de tudo que fizeram pelo Automobilismo Brasileiro no Mundo inteiro, nunca foram reconhecidos pela mídia, esquecidos literalmente, hoje voltam unidos com gás total, mostrando para todos como se faziam as coisas, e mais uma vez, como se fazer.
Meu Obrigado a vcs..

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