13.5.09

MAURO SANTANA - Curitiba - Pr.


Olá Amigos!

Sou Curitibano nascido em 1980, sendo que apartir de 1985, comecei assistir as provas de Opala Stock Car que a Bandeirantes transmitia em Interlagos, eu realmente amava aquela categoria e aquela pista, que só era superada pela F1.

Infelizmente eu não conheço Interlagos pessoalmente, e lembro bem das reportagens que nos eram mostradas nos tele jornais da época, mas, para a criança que eu era, quando perguntei ao meu pai o que haviam feito com a pista, foi uma das respostas mais tristes que já ouvi na vida.

Comecei perguntando das curva 1 e 2, e ele me respondeu que não teria mais!

E a ferradura, perguntei, e ele também respondeu que não teria mais!
Aí que eu fiquei mais triste ao ponto de começar a chorar, porque, poxa, a ferradura era a curva que eu mais gostava, numa pista linda e fantástica, na qual fazia parte das minhas pistas que eu criava para brincar com meus Matchbox no tapete da sala.
Lembro daqueles guard-rail pintados em preto e amarelo, daquela visão que a câmera pegava de frente para o retão com aqueles pontilhados no meio da pista, e com a saída da curva 2 mais alargada para a entrada do retão.
Realmente os meus domingos à tarde quando haviam Opala Stock Car em Interlagos eram perfeitos, completos!
O que me deixou mais frustrado em 1990, foi o fato de que eu nunca mais poderia conhecer aquela pista que eu sonhava um dia poder estar presente em carne e osso, ver as curvas 1 e 2, o retão, curvas 3 e 4, a (especial) curva da ferradura, lago, reta oposta, sol, sargento, laranja, pinheiro, cotovelo, mergulho, junção, e a seqüência passando pelo café até a linha de chegada.
Percebam a descrição deste magnífico traçado, a magia que ele nos passa, mesmo que para mim e tantas outras pessoas seja somente por fotos e vídeos antigos, e comparem com o traçado atual, tem comparação?
O traçado de Interlagos de 1990 até os dias de hoje ficou sem sal, e limitadíssimo, como pudemos ver na Le Mans Series 2007, maquinas fantásticas numa pista simples.
E a Stock Ca com uma etapa no traçado antigo, e uma etapa no anel externo, eu sempre imagino como seria fantástico!
Sou fã do Ayrton e nunca o culpei de qualquer coisa que ocorreu na reforma, mas deveriam ter preservado tudo, pois era simples, manter as curvas 1 e 2 e fazer um retorno entre o retão e o início da reta oposta, simples, peguem um mapa do traçado antigo e vejam com seus próprios olhos, ficaria parecido com o que existe em Suzuka, preservaria tudo, e aproveito para deixar aqui a minha sugestão!
Mas sabemos que a intenção dos poderosos da F1, era detonar Interlagos para que a Indy não desembarca-se aqui no Brasil, na minha opinião, que a F1 continua-se no Rio, assim, teríamos Jacarepaguá e Interlagos Inteiros, e não desfigurados!

Agora eu fico imaginando estes Senhores que pilotaram no Templo, a dor e a saudade daqueles dias inesquecíveis numa pista completa e extremamente técnica e sinuosa, para muitos o verdadeiro quintal de casa!
Sou uma pessoa que defendo e preservo muito as coisas antigas, pois sou de uma geração que pode assistir corridas em pistas clássicas que faziam parte no calendário da F1 até o final dos anos 80, e Interlagos faz parte e deve ser reconstruído e preservado!
Espero por esta notícia desde 1990, e já estou começando a correr atrás de assinaturas, para, juntos, reativarmos e deixarmos o traçado original "exatamente" como ele sempre foi e sempre deverá ser!
Peço por gentileza para ser informado do andamento das obras!
Parabéns!!!!!

Grande abraço!

Mauro Santana

13.4.09

ROBERTO AGRESTI


Foto feita em 1970 ou 1971 na garagem da BINO no Cambuci, época em que ainda usava calça curta mas já sabia do que gostava. O carro é um Royale-Ford.
Dado curioso: atrás da parede branca estavam sendo construídos os primeiros chassi tubulares dos Fórmula Ford BINO. Essa garagem era a minha perdição, eu passava horas ali dentro olhando os carros e vendo os caras trabalhando. Bino Mark II, os Corcéis preparados, os Royale... Quando teve o Torneio BUA de Formula Ford no começo dos anos 70 os carros todos ficaram semanas ali. O paraíso era do lado da minha casa!


OITO MIL SANTOS METROS

Domingo, dia de missa, mas dos motores. Tudo começava bem cedo, e o começo era movido a óleo diesel. Da Aclimação ao centro no 417 da CMTC, do centro até Interlagos no “Rio Bonito” da viação sei lá qual. Dois buzuns, uma hora e meia de viagem para assistir corrida no Templo, Interlagos.

Assitia corrida fosse do que fosse. Naquele tempo, começo dos anos 70, São Paulo dormia até tarde nos domingos. As ruas pareciam meio desertas, as avenidas livres, gostar de corrida era ser minoria, era pertencer a uma facção radical, era ser fundamentalista, era execrar a bola, times e gols.

Para mim e meu comparsa de hábitos e crenças Eduardo Correa (master do site GP Total) o prazer da velocidade já começava no ônibus, avaliando o piloto do coletivo. Quanto mais insano fosse ao volante, especialmente na insidiosa curva de alta sob o túnel da Av. São Gabriel, tomada da Av. Sto. Amaro, mais ganhava pontos.

Chegando a Interlagos, o point de invasão tradicional era o muro ao lado da delegacia, que dava para os fundos da caixa d’água que fica bem atrás da arquibancada. Naquela época para entrar era peciso pagar, e para nós pagar para ir à missa soava heresia, e colocava as finanças de adolescente no vermelho. E quer transgressão melhor do que infringir a lei nas barbas dos homens da lei?

Mas não era só essa a graça de pular o muro do lado da delegacia: ao despencar dentro do autódromo a tal caixa d’água nos protegia dos olhos da vigilância, e nos colocava estratégicamente ao lado da lanchonete da ANCAR e seus estupendos cachorros quentes úmidos e moles, aditivados com a mais aguada das mostardas. Eram engolidos em duas mordidas rápidas para não se desfazerem nos saquinhos. Eca!

A caixa d’água não era só o lugar ideal para entrar no templo e comemorar matando a fome. Era e certamente continua sendo até hoje o lugar da arquibancada que oferece a melhor visibilidade dos sagrados oito mil metros de asfalto, 80% ou mais do traçado sob controle. De tanto ver corrida ali treinei o olho: seguia duas ou três disputas diferentes e sabia em que parte da pista encontrar cada uma delas, timing perfeito. Experiência e horas de vôo a serviço da paixão, rato de Interlagos D.O.C..

Terminadas as disputas, hora da sobremesa, deliciosa e especial: invadir o box! Vários eram os buracos no alambrado, muitas as alternativas de rota, escolhidas de acordo com o posicionamento de quem tinha o dever de manter longe os fanáticos com mãos cheias de dedos pois – é claro – não bastava apenas ver de pertinho a carretera de Camilo Christofaro, o Fúria de Jayme Silva, o Bino de Luiz Pereira Bueno. Era necessário tocar, por a mão, como se faz com o nariz do touro de Wall Street ou com o javali do mercado de Florença. Só esse contato físico com os sagrados objetos da veloz paixão nos dava a certeza de que era tudo verdade, era o mundo real, e não um belo sonho.

Interlagos era oito mil metros de puro espetáculo.
Curvas 1, 2, Retão e 3. Suspiro profundo. Quem vai frear mais tarde na Ferradura?
Lago, Reta oposta e Sol. Qual o primeiro a apontar no Sargento?
Laranja e… suspense, logo desvendado na saída do Esse, rumo ao Pinheirinho, Bico do Pato, Mergulho e Junção.
Mais um pequeno sumiço e chega a hora do Café, e da reta torta que leva à 1, ao box, e à gloria da bandeira quadriculada.

Interlagos era meu. Interlagos era nosso. Era de quem amava cada metro daquele quase sempre mal cuidado asfalto.

Um dia, um horrível dia, inventaram que os 8 mil sagrados metros eram muitos. Como se fossem pelancas, decidiram por uma cirurgia plástica. O cirurgião não amava Interlagos, e fez o que fez.

A alma está ali, ainda, mas o botox nas zebras, a lipo nas curvas, e o silicone nas áreas de escape transfigurou a beleza botticelliana, farta e exuberante, transformando-a numa anoréxica pista de parcos 4 mil e poucos metros, poucos para tanta paixão.

Extinguiram o anel externo! Mataram a 1, a 2 e a 3! Estupraram a Ferradura! Inverteram o Lago e o Sol!
O Sol transformado em estacionamento! Como puderam?
O Sol, onde agachadinho atrás do guard-rail, escondido como um rato (de Interlagos, D.O.C. ...) vi Jackie Stewart, Niki Lauda, Ronnie Peterson, Emerson Fittipaldi e tantos outros passarem a metros do meu focinho, cuspindo de seus V8 Cosworth o melhor dos monóxidos de carbono direto para minhas ávidas narinas. Nem crack, poder, heroínia ou dinheiro viciariam tanto…
O Sol transformado em estacionamento! Como puderam?

Alô Graham Hill, Mike Hailwood, Carlos Pace, Barry Sheene, vocês andaram no velho Interlagos. Será que aí do céu tem como interceder por uma causa nobre?
Queremos a velha pista de volta!!!

Chame-se outro cirurgião plástico, um desses que entenda que em senhoras algumas rugas merecem ficar onde estão, que estrias são como condecorações da batalha e que há vida inteligente num peitinho caído…

Há quem sustente que é possível ressucitar os mágicos oito mil metros sem comprometer os homologados 4 mil e poucos atuais, que ungidos pela F1 de tio Bernie e asseclas garantem que Interlagos não terá o mesmo fim de Jacarepaguá.

Quero acreditar nessa ressurreição para, quem sabe, chorar de alegria percorrendo – não apenas com os olhos mas ao volante do Puma nº 22 – os renascidos oito mil santos metros.

Esse será um lindo dia.


Roberto Agresti

29.3.09

ROMEU NARDINI


INTERLAGOS. O Velho traçado de volta?
Amigos da Campanha Pró reativação do Autódromo de Interlagos, eu nunca me conformei com a destruição do velho traçado do nosso Templo, para satisfazer as exigências da F-1.
Sempre fui da opinião que para atualizar a pista, não era necessário também, destruir aquele maravilhoso circuito com seus 7.948 metros seletivos e tão variados que nos foi entregue pelo engenheiro/empresário inglês, Luiz Romero Sanson em Maio de 1940.
Sempre estranhei que por vários anos, poucas pessoas se manifestaram e se posicionaram contra esse crime praticado contra o nosso Autódromo mais importante.
Por volta do ano de 2000/2001 a internet entrou definitivamente na minha vida e eu comecei a descobrir que começavam a surgir sites e pessoas que tinham os mesmos gostos, as mesmas preferências pelos esportes motorizados, que tanto sucumbiam sob as avalanches preferenciais provocadas pelo país do futebol.
Sim, ainda somos uma minoria insignificante se compararmos as corridas de automóveis, motos e provas de Rali, com o chamado ludopédio ou esporte bretão.
Mas quando comecei a dar minhas opiniões sobre o “estupro” sofrido pelo Autódromo, no então também recém criado site GP Total dos meus amigos Eduardo Correa e Pandini, percebi uma tímida reação, de uns poucos participantes do site que repartiam comigo as mesmas reclamações.
E eu pensava, pô! Será que eu estou sozinho nessa? Ninguém mais percebeu o que fizeram com o nosso sagrado autódromo?
O tempo foi passando, vieram as corridas da SuperClassic, onde um grupo maior foi se formando em torno das participações do DKW #96 do Flavio Gomes e pude conhecer ali, um bando de aficionados pelas corridas e principalmente um grande numero de pessoas que tinham em comum a paixão por Interlagos, gente que com certeza havia estado ao meu lado há mais de 40 anos atrás, enfrentando as mesmas dificuldades e peripécias para ficar junto dos nossos ídolos e maquinas.
Gente que como eu, furou cercas de arame farpado, fugiu de policiais e cavalarianos da Força Publica (atual PM), correu de fiscais de pista, seguranças, etc.
Esses encontros da SuperClassic que batizamos de Farnel, acabou aproximando também alguns pilotos da velha guarda, que com muita simpatia chegavam contando histórias, peripécias da época, suas participações em provas e até revelando segredinhos de bastidores.
Em 2007 em um evento chamado Clássicos de Competição essa aproximação entre antigos pilotos com seus velhos e novos fãs atingiu o auge, com a participação de um número bem maior de pilotos, alguns vindos inclusive de outros estados e deixando todos nós em puro êxtase.
Quando eu ia imaginar, por exemplo, que iria ficar lado a lado com o meu primeiro ídolo no automobilismo Bird Clemente, mais de 40 anos depois.
E nesse evento pudemos tomar conhecimento de um movimento de reativação do velho traçado de Interlagos através do Chiquinho Lameirão, que numa conversa descontraída, nos mostrou a viabilidade do projeto, suas possibilidades, seus obstáculos, etc.
Foi muito bom perceber então, que mais (e muito mais) gente pensava como eu e os outros antigos fãs do automobilismo brasileiro.
E desta vez, gente do ramo, gente que correu naquele maravilhoso circuito, que viu nascer a indústria automobilística brasileira e com ela fez crescer ainda mais a nossa paixão pelas corridas.
Hoje estou muito feliz com esse movimento, essa mobilização de pilotos como o próprio Chiquinho, o Bird, o Bob, o Ingo, o Paulão Gomes, pessoas do ramo, que disputaram freadas, dividiram curvas, perderam, venceram, quebraram, profundos conhecedores daquele pedaço de asfalto e que agora estão tentando viabilizar uma idéia que não tem nada de mais, a não ser devolver ao apaixonado freqüentador do Templo, se não em sua totalidade, pelo menos bons trechos do saudoso traçado de quase oito quilômetros.
Eu que tomei conhecimento do Autódromo de Interlagos em meados dos anos 50, em um ensolarado domingo a tarde, a bordo de um Standard Vanguard carro que mais parecia um ovo de avestruz, dirigido por um tio meu fanático por corridas e que depois de pagar uma irrisória taxinha ao cidadão que tomava conta do já surrado portão de madeira que dava acesso à pista, nos liberou para as extasiantes voltas pelo Templo.
Me lembro da impressionante (para mim) inclinação da curva três.
Era pra chorar.
Tempos depois, pelas mãos desse mesmo tio, pude assistir a um espetáculo inesquecível para mim até hoje:
A largada das I Mil Milhas Brasileiras numa noite de Novembro de 1956.
Dali em diante, nunca mais me afastei do Autódromo do coração, onde vi de tudo um pouco, corridas memoráveis, pilotos idem, vitorias inesquecíveis, de Camillo, Landi, Luizinho, Bird, Gancia, Emerson, Pace, Senna, entre outros.
Tomei muito sol, muita chuva, banhos com a água do lago, das mangueiras dos bombeiros, e até garrafadas vindas das arquibancadas, madrugada á dentro, a espera da F-1 em seus primeiros anos de realização.
Por isso considero esse movimento pela recuperação do Autódromo José Carlos Pace, em termos esportivos, a coisa mais importante para o nosso Estado e com essa mobilização e união de pilotos e “doentes” pelo antigo traçado, acredito que desta vez poderemos conseguir realizar um sonho que não parece, mas é de muitos!
Estou à disposição para ajudar a tornar esse sonho, uma realidade.
Abraços a todos
Romeu Nardini.

28.3.09

LUIZ "SALOMA" SALOMÃO


O templo... Interlagos!

Tenho muito prazer de falar sobre Interlagos, uma extensão da nossa casa, como dizem vários comparsas. E sempre que posso vou aperfeiçoando o conteúdo sobre tal.
A intimidade com Interlagos, nosso Templo do Automobilismo brasileiro, começa a uns 500 km de distância nos idos 60, em Petrópolis, cidade em que tive os primeiros passos automobilísticos. Depois de ficar acelerando os DKWs que meu primo participava em provas de rua no circuito petropolitano vim ver de perto o "Autódromo de Interlagos".
As vindas para São Paulo de meu primo para pegar peças e saber mais sobre preparação do seu DKW me levaram a acompanhá-lo e numa dessas visitas conheci, hoje grande amigo, o "negão" Miguel Crispim. Nesse mesmo dia fui para Interlagos e fiquei tonto com o tamanho da pista.
"Quanta curva e olha só a reta, subida e descida e que miolo fantástico", fiquei com um nó na garganta... de alguma forma tinha que percorrer as subidas e descidas da pista e para minha felicidade estavam treinando DKWs, Simcas, JKs, Berlinetes e Gordinis. Depois de algum tempo de Box, estava eu já enturmado e ajudando a arrancar os pára-choques de um DKW, que foi para pista amaciar motor.
Com meu primo eu sempre estava no meio dos pilotos e fuçando e observando tudo que podia na mecânica, o que me deram o titulo de mascote da galera. Quando vinha para Interlagos, sempre ficava no "Sargento", porque dava para observar bem a pista e não perder o que mais gostava as disputas no miolo.
Bom essa fase foi até os treze anos de idade, porque depois já caminhava pelos próprios pés e vinha para Interlagos, com a desculpa de ir para Santos visitar um tio que morava por lá. As corridas no Interlagos antigo eram mágicas, todo aquele povo, os carros, os mecânicos correndo para de um lado para outro, o cheiro forte de gasolina misturado com óleo (usada nos motores dois tempos) era um tremendo agito e muito romantismo.
Passados alguns anos, voltei a Interlagos e fui apresentado a seu "Chico", na época administrador da pista e tive o prazer de conversar horas sobre os "bastidores" do automobilismo no Brasil.
Por anos participei de provas da APCAH (Associação de Pilotos de carros Antigos e Históricos) pilotando a minha barata, uma fuca de 1200cc com "kit Okrasa" alemão, preparação igual aos que competiam nos anos 60 (permanece inalterada até hoje a barata). Foram tantas subidas de montanha (adoro essas provas), que carimbei vários tempos de recorde. Tentávamos lembrar o romantismo do passado...
Em Interlagos sinto-me em casa, à vontade, mas quando olho para pista com o traçado atual me vêm sempre na lembrança o Interlagos original, com as curvas do Sargento, Ferradura, Sol, curva 1, 2, 3... dos momentos mágicos passados ali de um "enfant terrible..."é isso!

Luiz Salomão
Designer, jornalista, mecânico, metido a piloto e arteiro de primeira. Também pode ser chamado de "Saloma do Blog", boteco virtual automobilístico dos bastidores da história, e administra outro que é irmão mais novo, "Comparsas do Blog".

obsv.:
Saloma lembra que em 1.967, já se cogitavam mudanças em Interlagos.

27.3.09

JAN BALDER


Jan enviou apenas uma coluna, de 1.993!

24.3.09

CLÁUDIO CEREGATTI


Quando tinha quatro ou cinco anos de idade, desmontava pregadores de roupa, aqueles antigos de madeira e brincava de carro de corrida pelas paredes. A pista era “Intilagos” e os carros corriam com “gajorina écho”.

Aos sete anos, vi Bird atravessado na entrada do Pinheirinho. Berlineta amarela 22. Quem viu, jamais esquece.

Dos oito aos quatorze, freqüentei Interlagos encarapitado na carroceria de um caminhão, com um grupo de amigos liderado por meu vizinho Walter Thomé, aficcionado que viu falecer Celso Lara Barberis a seus pés lá na subida do café.

Pouco depois de completar quinze anos, matava aulas no SENAI em São Bernardo do Campo. De ônibus ia cedinho até o Parque Dom Pedro. Uma hora depois, atravessava o centro velho a pé até a Praça das Bandeiras. De lá, mais uma viagem até o ponto final, na porta do velho autódromo.

Só para passar o dia andando por aquele asfalto.
Ia até onde tinha visto Emerson Fittipaldi rodar, quando quebrou a suspensão traseira da Lótus 72 quase na minha frente. Depois descia até a curva do laranja, onde Ronnie Peterson brilhou no Torneio de F2. Depois até a ferradura, bem onde Luiz Pereira Bueno apontava a Porsche 908. Caminhava até a curva do sol, tentando entender como Jackie Stewart contornava aquela curva fantástica. Passava pelo sargento, barranco tão alto e tão íngreme por onde andou Chico Landi, nas Ferraris, Alfas e Maseratis freando por ali. Todos carros desafiadores. Carros que ainda não sabia dirigir. Aqueles mesmos que um dia sonhava acelerar naquela pista fantástica.

Estive por lá em todos os GP’s de F1.
1972 nas arquibancadas em frente ao relevé da reta de chegada.
1973 acampado entre as curvas 1 e 2.
1974 e a chuva acabou com a prova, a corrida do Pace que vinha vindo e minha barraca, alagada pertinho da curva 3 em meio a festa.
1975 acampei desde a quarta-feira no meio do retão. Nós e uns uruguaios. Ajudei a montar alambrados. Durante a noite nos boxes, sorrateiros. De dia banho no lago. Inesquecível vitória do homem que dá nome a Interlagos, o lugar que chamo de Templo Sagrado.
De 1976 em diante, só estrangeiros venceram. Mas estava lá sempre. Sobre o muro do retão, apanhando da polícia, me escondendo da cavalaria, dormindo atrás de guard-rails, sofrendo debaixo do sol que nasce às costas do retão e se põe de frente à curva do sol.

Finalmente aos 18 anos em 1975, me enfiei por ali de carro. Um Itamaraty bordô com quatro marchas na coluna. “Sem querer querendo”, exatamente como faço até hoje, invadi escondido o asfalto do Templo.
Ressabiado e excitado vi o retão bem na minha frente, um ângulo por demais conhecido porém não de carro, comecei a chorar.
Não tive como conter a emoção. As lágrimas caíram, toldando meus jovens olhos sonhadores. Contornei a curva 3 devagar, impressionado com a inclinação. Fui pela curva 4 até a ferradura, e vi o quão alto era o morrote bem na tangencia. A pé nem parecia...
Quando cheguei no pé da subida do lago ainda chorava, e começava a ficar convulsivo, incontrolável.
Lembro que subi devagar, apontei para a reta oposta e parei no meio da curva do sol. Bem onde vi Jean Pierre Jarrier parado quando liderava em 1975.
Olhei de lá para o retão, onde acampei quando ele quebrou. Meus joelhos quase se dobraram. Apoiado no capo quente perdi a noção do tempo e o que restava de controle. Chorei como nunca ali, convulsiva e descontroladamente.
Até alguém aparecer e me expulsar dali. Não sei quem era, nem o que fazia.
Aos gritos, mandou segui-lo. Completei o resto do circuito seguindo um velho fusca pela curva do sargento, laranja, esse, pinheirinho, bico de pato, mergulho, junção e subida do café. Pensando nem sei direito em que, dirigindo por aquele asfalto pela primeira vez.
O fusca entrou pelo portão antigo, bem em frente aos boxes.
E por ali fui expulso. Não mais aos prantos, humilhado pela circunstancia mas feliz como nunca. Lembro que parei na avenida, perto da subida do café e espiei ainda por cima do muro velho, para olhar novamente o conhecido cenário.

Estranha e inexplicavelmente, ainda faço isso, mais de trinta anos depois desse dia. Me enfio por entre matos e morros, chegando antes do sol nascer. Fiz isso centenas de vezes, uma espécie de ritual.
Espio e respiro Interlagos, nosso Templo Sagrado. Esse mito ainda vivo e mutilado do automobilismo mundial, palco de homens geniais e mestres de seu ofício.
O velho asfasto também nos observa. Desafiador, silencioso, quase esquecido.
A mítica faixa de asfalto de desenho genial e inigualável, as históricas curvas e retas ainda estão ali, povoadas pelos fantasmas da velocidade, marcadas pelas manobras dos Grandes que lá por lá passaram.

Não há nada igual no mundo. Interlagos original só encontra paralelo em Nurburgring, ainda viva, ativa e preservada em seus 22 quilometros.
Diferente daqui, os alemães mantem o mito. No caso brasileiro, o melhor circuito do mundo teimosamente resiste, semi-abandonado e ainda visível, como que clamando por uma restauração, uma retomada, uma nova vida.
Nosso traçado cabe num vale, com excepcional vista e é ainda tão variado e desafiador como em 1940. Falar bem de seu desenho é repetir o óbvio. Basta perguntar a qualquer piloto, de qualquer época, em qualquer carro qual era seu circuito preferido. Tão excepcional que meninos da geração vídeo game o tem como desafio maior até hoje, redivivo em telas de computador e torneios virtuais.

Devemos esse renascimento aos fantasmas que lá habitam, às gerações que por lá cresceram e viveram, e a todos aqueles que virão.
Interlagos vive em nossos corações e mentes, e sobrevive ainda sob nossos olhos, bastando olhar. A pista está lá, sua maravilhosa essência e desafio maior a pilotos de todos os quilates.
São Paulo merece ter de volta o melhor circuito de corridas do mundo, digno de nossos títulos mundiais e de uma estirpe inigualável de pilotos.

FRANCIS HENRIQUE TRENNEPOHL


O meu negócio sempre foi a poeira das pistas de terra, maior paixão da minha vida, mas quando criança sempre cultivei o sonho de um dia estar na Fórmula 1 e correr em várias pistas do mundo inteiro, mas meu ‘tesão’ era principalmente ter a oportunidade de correr no Brasil, em Jacarepaguá e Interlagos, mas era a pista sem o “ésse”, aquela genuína que separava os homens das crianças.
Nem lembro quantas vezes eu pegava as revistas e sonhava em ser o Camilo Cristófaro, “Chico” Landi, “Moco”, “Chico” Lameirão, Luizinho Pereira Bueno, Bird Clemente, Bob Sharp, Emerson Fittipaldi, Jan Balder, Nilson Clemente, Tite Catapani, , Norman Casari, Nelson Piquet, Jayme Silve, Ingo Hoffmann, Paulão Gomes e tantos outros que foram meus heróis na minha infância (e são até hoje!), pois queria poder correr em carros ‘possantes’ e pistas realmente desafiadoras, como era Interlagos.
A reforma que foi feita em Interlagos para atender as exigências da FIA para que a mesma recebesse novamente a Fórmula 1 não são de todo ruim, o que realmente foi a “ême” da história foi ter mutilado o que existia.
Temos centenas de circuitos mundo afora que recebem as mais diversas categorias de Automobilismo e Motociclismo sem que para isso acabassem com o que existia antes, o que era original.
Interlagos pode perfeitamente continuar recebendo a Fórmula 1 ou qualquer outra categoria ‘top’ tendo novamente seu traçado antigo reformado, oferecendo desta forma aos novos pilotos que estão surgindo no cambaleante Automobilismo Brasileiro uma pista que traga verdadeiros desafios, que seja prazerosa e possa extrair do carro toda a potência, que tenha curvas e retas de verdade, proporcionando ultrapassagens e que faça valer mais o braço do piloto.
Para termos algo novo não é necessariamente obrigatório nos desfazermos do que é velho, antigo.
Interlagos precisa voltar a ser uma pista de verdade, com pilotos de verdade e corridas de verdade!

FRANCIS
Ex-piloto de Velocidade na Terra e Sócio-proprietário da PRO SPEED Equipamentos de Alta Performance
Florianópolis – SC

ADRIANO GRIECCO


Eu conheci Interlagos apenas uma vez.
Eu era pequeno, devia ter uns seis anos, e meu pai me levou pra ver uma corrida.
Não me perguntem do que era, só me lembro de uns Fiat 147 -- tinha um laranja -- fazendo as Curvas 1 e 2.
Mas, nesses quase 30 anos, ouvi estórias. E quantas não elogiaram traçado antigo. Cuvas de alta, baixa, em dois tempos. Curvas 1 e 2 com o pé cravado. As apoiadas nos rivais pra fazer a freada da 3. A junção bem mais rápida que a atual.
Hoje, que frequento Interlagos quase que semanalmente, não ouço mais nada. E o traçado atual, encomendado pela F1, não tem segredos. Macetes, talvez. O do Laranjinha e o do Bico de Pato, curvas herdadas do original.
Eu queria ver Interlagos mais uma vez.
E não me venham com essa história de Nürburgring.
Se for para "restaurar" Interlagos, que se disputem corridas lá.
Prometo tentar fazer a 1 e 2 com o pé cravado.

23.3.09

FÁBIO SEIXAS


Há exatos 19 anos, 23 de março de 1990, Interlagos voltava a receber a F-1.
Era uma sexta-feira, primeiro dia de treinos para o GP Brasil. E era também a inauguração do novo traçado, "moderno", como gostavam de enfatizar seus idealizadores, Senna entre eles.

Nada contra a modernidade. O traçado antigo não receberia a F-1 "moderna". Mas o "moderno" não precisa sepultar o "antigo", e foi exatamente isso que aconteceu por aqui.

Na Europa, a maioria esmagadora dos autódromos conta com mais de uma opção de traçado. Por que, em Interlagos, não fizeram isso?
As categorias nacionais e até mesmo internacionais poderiam usufruir de um circuito espetacular, os jovens poderiam aprender, o público teria diante de seus olhos um espetáculo maior...

Ainda não ouvi explicação coerente e lógica e aceitável.

MARCUS "ZAMPA" ZAMPONI


Fala Zampa,
Acho a idéia fantastica pq o circuitão antigo será sempre insubstituível. Era um cardapio para qualquer paladar. De alta, de baixa,foi neste traçado que criou-se a história e reduzi-lo para manter nosso GP, tudo bem. Destrui-lo foi uma bossalidade. Acho que o Bob, principalmente, será de grande valia para reativa-lo sem prejuizo do estagio atual - traçado de GP. Vão duas historinhas. O circuito me marcou tanto que depois de visitar no mínimo centenas de autódromos, resolvi homenagea-lo e tatuei-o na minha perna direita. Vai morrer comigo. Outra é que em 1976, ou 1977?, dei carona para um jornalista francês hospedado em um hotel do centro e com ele veio o Patrick Tambay, que eu conhecera de passagem ainda na F-2. O gringo entrou no paddock e levei-o para sentar-se na "GRAMINHA", uma área que acho que desativaram,em cima do Laranja. Dalí dava para ver uns 90% do traçado completo, exceção da Um e Dois. O cara fiscou apoplético, só repetia "Fantastique!", "FANTASTIQUE".

VAMOS A LUTA DESTE RESGATE DE HISTÓRIA E EMOÇÃO...

Parabéns

21.3.09

DÚ CARDIM


Interlagos antigo lembra acampamentos, fosse fórmula 1 ou 24 horas de moto.
E tudo começava na estradinha de terra margeando o rio, olhar se a PM montada estava dando espadada, e entrar pelo buraco do muro da curva 3.
Qdo. fechavam, sempre aparecia outro.
Era batata, qdo. íamos de ônibus o pulo era ali na junção, e de motinho via 3, creio que na infância e juventude, poucas vezes entrei pelo portão 7.
Hoje conversando com Joaquim, Romeu, Ceréga, Regi e muitos outros, brinco que fomos nos encontrar 40 anos depois.
A paixão de todos era percorrer a pé a pista, indo parar nos boxes e ficar babando nos carros, ficar perto dos pilotos, rato de boxe, pentelhando mesmo.
Nos tempos do Eloi Gogliano, nas provas de moto “achávamos legal o velhinho”, que no fim do dia nos deixava dar 2 voltas na pista, todos com 13, 14 anos, mas de capacete, tipo o cara que liga e desliga o carrossel de um parquinho.
Às vezes eram 3 ou 4, pois ele ficava controlando sentado ali no podium, com pilhas de papéis e fazendo anotações. Quando acabava, descia e fazia sinal para entrarmos nos boxes.
Hoje leio as anotações que o Eloi fazia, relatando tudo que acontecia nas provas, mal imaginava que o Velhinho legal, era o primeiro a chegar e o ultimo a sair de Interlagos, um dos responsáveis pelas grandes provas como as Mil Milhas.
Assistir pegas de moto entre Jacaré e Adú, ver o Denisio Casarini cair na reta de chegada e cruzar a linha, ver e ouvir Luizinho com a 908, Chiquinho com o Supe Vê, ficar no box da Gledson pois um amigo corria na Vê, e o Piquet na Super, as provas de opalas com as pancas como a do Reinaldo Campello na saída da ferradura.
Após a reforma de Interlagos, aquela pista mágica, ficou plástica, brochante, sem graça.
Depois da F1 de 97, fui creio 5 vezes ao Templo, e sempre saia com aquele ar de que não significava mais nada.
Desde 2007, a coisa tem mudado, amizades nasceram, pilotos que eram intocáveis para nós hoje são nossos amigos.
Tenho o maior orgulho deles, e deste trabalho da revitalização de Interlagos.
Para muitos, é uma utopia, eu mesmo nos anos que não freqüentei, comentava que “aquilo tinha de virar área residencial”, e a Prefeitura que construísse outro.
Escutar Lameirão e Bird conversando da formação de pilotos, ouvir Luizinho contar que quando chegaram na Europa às pistas eram fáceis, ter gravado em minha memória a narração do Barão de quando o Pace bateu o Record de Nurbubring com uma Surtees, é reverenciar a determinação em se realizar alterações na Pista.
A relação investimento financeiro, retorno de mídia mundial, já pagaria os custos, pois não existe mais no mundo, uma pista aos moldes antigos, afora Le mans, Spa e mais 2 ou 3.
E ela está aqui, debaixo de nosso nariz, quieta para que uma ação destas a desperte e crie alternativas de traçado.
Interlagos hj. é uma pista de autorama gigante, se faz o setup do carro e pronto, nem precisa treinar.
E o projeto de revitalização não é só asfalto, pode-se criar área de shows, diversão à população, o Sesc Interlagos, ali perto, enquanto as arquibancadas do Autódromo estão vazias, 20 mil pessoas assistem shows.
Mas daí alguém falou já do campo de futebol, do terrão, do Esporte para a comunidade, mas nos dias de corrida serve para disfarçar, enquanto os caras arrombam carros estacionados.
Alguém pode falar em segurança exigida hoje pela FIA, mas o circuito de Fórmula 1 ficará lá, do mesmo jeito, e a FIA aprova provas em Mônaco e Macau.
Parabéns Chiquinho, e todos envolvidos, depois de tudo que fizeram pelo Automobilismo Brasileiro no Mundo inteiro, nunca foram reconhecidos pela mídia, esquecidos literalmente, hoje voltam unidos com gás total, mostrando para todos como se faziam as coisas, e mais uma vez, como se fazer.
Meu Obrigado a vcs..

RONALDO NAZAR


Muito salutar a idéia desses grandes Pilotos. A idéia é excelente, visto que vc vai revitalizar uma parte do circuito que está abandonada e ainda por cima os custos serão abaixo das expectativas. Vc faz 4 curvas e tem o circuito inteiro na sua configuração quase original de volta. Seria um fortalecimento para o automobilismo de forma geral. Nós mais temos que referenciar estes pilotos que emprestam o seu nome , em prol de um automobilismo muito mais salutar.